Quem não nasceu em berço de ouro provavelmente considera o dinheiro como um aspecto muito importante na vida. Afinal, com ele podemos comprar tudo à vista, esquecer que existe crediário ou com débitos surpresas no fim de cada mês. Ter mais dinheiro seria um alívio muito grande na vida de várias pessoas, não seria?

Mas existem questões sobre o enriquecimento que talvez nunca saibamos lidar. Por exemplo, você já deve ter ouvido aquela história de que quem tem 5 quer 10, quem tem 10 quer 15 e assim por diante. Essa condição humana de querer sempre mais sempre faz com que a gente se sinta pobre, mesmo nadando em uma piscina de dinheiro. Isso se você não aliar o seu saldo no banco com uma consciência bem tranquila e muita responsabilidade.

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Já imaginou que triste sua única decisão ser apenas qual a próxima viagem?

Ao mesmo tempo que o dinheiro tira você do sufoco, ele te mostra um mundo novo cheio de requintes e detalhes que você não conhecia antes. Imagine que você, hoje, almoça em um restaurante self-service e paga R$15 por almoço. Amanhã você descobre um herança ou é sorteado na loteria e acumula milhões. Você voltaria a almoçar os mesmos R$15 por dia, ou passaria a frequentar os restaurantes que sempre quis pagando um pouco mais de R$100 por almoço?

É mais ou menos isso que acontece no primeiro estágio da riqueza e no segundo estágio, esse restaurante de R$100 não será suficiente e você vai procurar por lugares que agradem ainda mais o seu paladar. Logo seu dinheiro não será mais o suficiente e você vai desejar ser mais rico, caindo em um grande ciclo de insatisfação.

Claro que você não precisa dar ouvidos a mim, que não sou nada rico. Pode tirar suas próprias conclusões sobre a riqueza ou ler a resposta de um milionário sobre o assunto.

Eu enriqueci $15M [milhões de dólares] quando tinha 20 e poucos anos, depois de vender uma empresa de internet. Conversei com muitas pessoas sobre essa pergunta, e pensei muito sobre como permanecer a mesma pessoa que eu era depois de ganhar tanto dinheiro.

A resposta é um pouco complicada.

Primeiro, uma das únicas coisas realmente boas de ser rico é que você não precisa mais se preocupar com dinheiro tanto quanto antes. Ainda há algumas coisas que você não pode comprar (e você gostaria de poder), mas a maior parte das despesas pode ser feita sem se preocupar com o preço. Isso é definitivamente ótimo, sem dúvida.

Mas ser rico tem lá os seus problemas. Você deve estar pensando que eu estou reclamando de barriga cheia, e esse é exatamente um dos problemas. Você não pode mais reclamar de nada, nunca. A maioria das pessoas imagina que ser rico é atingir o nirvana, por isso você não pode mais ter nenhuma necessidade humana ou frustrações ao olhos públicos.

Você ainda é apenas um ser humano como qualquer outro, mas as pessoas não te tratam mais assim.

Outro problema: a maioria das pessoas quer algo de você, e pode ser bem difícil sacar se alguém está sendo bacana contigo porque gosta de você ou porque está atrás do seu dinheiro. Se você ainda não for casado, boa sorte tentando descobrir (ou vivendo com a dúvida) se a outra pessoa te ama ou ama o seu dinheiro.

Isso sem falar dos amigos e família. Talvez a sua relação com eles não azede de uma vez, mas provavelmente ficará mais difícil. Eles podem começar a ficar estranhos e te tratar diferente. Podem pedir dinheiro emprestado (má ideia: se for para ajudar, que seja como um presente). No Natal, eles passam a não gostar dos seus presentes como antes. Eles pensam que só porque você é rico, vai dar algo caríssimo, depois se decepcionam. Você começa a precisar decidir o que é caro demais ou de menos em se tratando dos seus pais, e, numa boa, é bem chato.

Some tudo isso, e o resultado é um certo senso de isolamento.

(…)

A próxima coisa que você precisa entender sobre dinheiro é o seguinte: todas as coisas que você se imagina comprando só têm valor para você porque você não pode tê-las(ao menos não sem trabalhar muito duro). Talvez você sonhe com um Audi topo de linha – quando você puder comprar um numa boa, não vai significar tanto.

Tudo é relativo, e não há muito que você possa fazer a esse respeito. Sim, no primeiro mês em que você estiver dirigindo um Audi, ou comendo em restaurantes caros, você vai adorar. Mas aí você se acostuma. E então você começa a querer o que está lá na frente.

Você redefine suas expectativas, e tudo abaixo daquele nível se torna desinteressante de novo.

Isso acontece com todo mundo. Boas pessoas conseguem manter uma certa perspectiva, lutar contra isso e manter os pés no chão. As piores, reclamam e cometem atos aleatórios de babaquice. Mas lembre-se disso: aconteceria com você também, mesmo que você talvez ache que não. Confie em mim.

A maior parte das pessoas têm a ilusão de que, se tivessem mais dinheiro, as suas vidas seriam melhores, e elas seriam mais felizes. Aí elas ficam ricas, isso não acontece, e elas entram em crises sérias.

Se você está ao menos na classe média, tem todas as oportunidades de fazer da sua vida o que quiser. Se você não está feliz agora, não vai ser o dinheiro que vai te fazer ficar.

Rico ou não, vá fazer da sua vida o que quiser que ela seja, sem usar dinheiro (ou falta dele) como desculpa. Saia, se envolva, seja ativo, corra atrás da sua paixão e faça uma diferença.

Postado por André

Written By

André Fantin

Editor do Repertório Criativo, publicitário e escritor por teimosia. Atualmente vive na Irlanda em busca de inspiração.