Não é a primeira vez que o mercado da moda tem o seu pior lado exposto: a situação degradante das centenas de milhares de pessoas, às vezes crianças, que trabalham em fábricas de confecção na Ásia ou em algum outro canto do mundo subdesenvolvido.

A questão é que as pessoas querem consumir e consumir cada vez mais, e por menos. E para atender essa demanda não faltam empresas que cumpram o milagre de oferecer uma peça de roupa por dois euros, ou menos.

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Quando alguém paga um preço absolutamente barato em uma peça de roupa, obviamente alguém já pagou caro por ela em algum ponto da cadeia. Nesse caso, pagou quem produziu. Trabalhadores de fábricas na China, Malásia e outros países dessa região costumam ter jornadas de trabalho superiores a 16 horas por dia, e recebem menos do que um dólar por dia.

No ano passado, uma mulher encontrou um pedido de socorro em uma peça de roupa adquirida na Primark, uma conhecida loja inglesa. Veja aqui. Nos EUA, uma mulher encontrou uma carta escrita por um trabalhador pedindo socorro dentro de um brinquedo que ela havia comprado para seu filho.

Por mais chocante que pareça, não é bem isso que as pessoas pensam quando entram em uma loja Primark, ou na sua filial irlandesa, a Penneys. Mesmo a Zara continua com seus fiéis clientes, apesar de ter sido revelada as condições de trabalho escravo no Brasil.

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Mas a possibilidade de adquirir camisas por 2 euros, ou até menos. Juro. Deturpa nosso pensamento humanitário. Por isso, é importante sempre sermos lembrados por ações como essa da Fashion Revolution, que colocou uma vending machine em um local público com camisas sendo vendidas a 2 euros.

Apesar da barganha ser excepcional para os potenciais clientes, a mensagem ativou o pensamento crítico de cada um deles e nada foi vendido.

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A ação consistia em chamar a atenção de quem passava pelo preço das roupas, em seguida deixar claro que elas só podiam ser baratas porque alguém estava pagando com a própria dignidade por elas. Ao final, a pessoa tinha a opção de continuar comprando a peça de roupa que escolheu, ou doar os dois euros depositados na máquina para contribuir com uma organização que luta contra esse tipo de exploração.

 

Via Awebic

 

 

 

Written By

André Fantin

Editor do Repertório Criativo, publicitário e escritor por teimosia. Atualmente vive na Irlanda em busca de inspiração.