Se o Facebook fosse um filme sobre super-herói, provavelmente teríamos um ancião dizendo: Com 1 bilhão de usuários vêm grandes responsabilidades. Mas infelizmente essa não é mais uma história de Hollywood. O Facebook é tão real quanto cada um dos 1 bilhão de pessoas conectadas à maior rede social do mundo. E existe um enorme perigo nessa realidade.

Sabemos que o feed de notícias do Facebook é personalizado, assim a gente evita de receber atualizações de todas as pessoas e páginas que seguimos na rede social. Isso já é ponto questionável, já discutimos isso aqui em 2011 quando falamos dos gate keepers da internet.

Essa personalização, segundo o Facebook é necessária para que os usuários não sejam bombardeados com centenas de posts. Vale lembrar que esses posts são de páginas e perfis que eles escolheram receber! Onde Zuckerberg viu a lógica disso eu não sei, mas não foi no Twitter.

Para quem não é famialirizado com essa última rede, o cenário é o seguinte: você tem o seu perfil tal qual o do Face. Você escolhe quem quer seguir e acompanha tudo por uma timeline. Você recebe TUDO o que é produzido pelas pessoas que você está seguindo, mesmo que a maioria seja conteúdo irrelevante. 

Essa é a grande cartada do Twitter. Os usuários se autorregulam e criam uma atmosfera em que o conteúdo precisa ser bem trabalhado para ser replicado e então, ganhar mais seguidores.

Pronto. Entendemos bem como funciona o feed personalizado do Facebook e o feed padrão do Twitter. E só para deixar as coisas em panos limpos, para nós usuários, o modelo mais seguro de feed não é o proposto por Zuckerberg.

Com um feed personalizável, não temos qualquer controle sobre o que vamos receber. Nosso feed pode ser alterado dezenas de vezes ao dia sem ao menos percebermos e o perigo dessa manipulação de conteúdo fica evidente ao avaliarmos os resultados de um estudo conduzido por pesquisadores associados ao Facebook, pela Universidade de Cornell, e pela Universidade da Califórnia, publicado em junho na 17ª edição dos Anais da Academia Nacional de Ciência. Veja o estudo na íntegra.

Durante uma semana de 2012, a maior rede social do mundo manipulou o feed de notícias de aproximadamente 700 mil usuários (689.003, para ser específico). O objetivo do estudo era verificar o contágio emocional da rede social em seu usuários.

Alguns usuários receberam posts negativos e eram observados para ver se suas próximas postagens trariam palavras também negativas. O mesmo foi feito com posts de mensagens positivas.

Observou-se que os usuários que tiveram o feed manipulado utilizaram palavras positivas ou negativas dependendo do conteúdo ao qual foram expostos.

Apesar de parecer tudo muito inocente e científico, podemos acreditar que os resultados deste estudo possam ser replicados em diferentes situações para manipular opinião pública de uma forma muito mais invasiva e eficaz que outros meios, como a televisão.

 

Postado por André via Uol Notícias

Written By

André Fantin

Editor do Repertório Criativo, publicitário e escritor por teimosia. Atualmente vive na Irlanda em busca de inspiração.